S.A.C . NOSSA MISSÃO.

o SAC é um projeto social que visa ajudar pessoas.

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domingo, 19 de janeiro de 2014

REPORTAGEM RETIRADA DO SITE UOL

Quatro usuários de crack sentados na sarjeta dividem um guarda-chuva na alameda Dino Bueno, no centro de São Paulo. Não chove, mas a função do guarda-chuva, diz um deles, é proteger o "anjo" que passa na rua.
Na linguagem dos usuários, "anjo" significa criança e, no código de conduta da região, é proibido fumar crack na frente de crianças.
"Quando uma criança passa, a gente grita: 'Olha o anjo' e todo mundo tem que abaixar o cachimbo ou se esconder atrás do guarda-chuva", conta um usuário que não quis se identificar.


FAMÍLIA CRACOLÂNDIA

"Quem tá na cracolândia já foi rejeitado pela família e pela sociedade porque usa crack. Aqui a 'família cracolândia' te recebe de braços abertos. Fora uma rixa ou outra, todo mundo aqui é irmão no sofrimento, então a gente se ajuda", diz M.P. S., 32, que vive na região há cerca de dois anos.
Na hierarquia da cracolândia, quem tinha um barraco na Dino Bueno era considerado elite. Agora vivendo em um quarto de hotel pago pela prefeitura, esse status deve continuar. As casinhas de madeira, papelão e lona mantinham alguma organização e privacidade, apesar da falta de banheiro.
A maioria dos usuários que circula na cracolândia vive na rua. Muitos têm família e passam temporadas na rua usando crack. Quando não aguentam mais as condições insalubres, voltam para casa para repor as energias até a hora de novamente mergulhar no vício.
Com o tempo, formam-se crostas de sujeira nos pés e nas mãos, que acabam funcionando como uma espécie de casca protetora.
Vivem de refeição em refeição, comem quando podem e nunca sabem quando vão comer de novo.
Quando há fartura de pedra, passam cinco dias acordados. Quando a "brisa" acaba, comem e dormem por dias. Desenvolveram anticorpos fortes para sobreviver à vida selvagem da rua.
"Como comida do lixo sempre, bebo água de poça e não fico doente. O único problema é que a pedra estraga os dentes", diz o morador de rua M.

NO GRITO
A comunicação na cracolândia é feita por meio de gritos. Alguém grita o que precisa e quem pode ajudar responde em meio à multidão de usuários. "Dou um trago" é um dos gritos mais ouvidos.
Quem não consegue completar os R$ 10 para comprar uma pedra inteira do traficante sai gritando "Dou um trago" até que algum usuário tope revender um terço ou metade de sua pedra por um valor inferior.
Na cracolândia, ouve-se o grito de "Olha a loira" sempre que um carro da polícia se aproxima.
"A primeira vez que ouvi alguém gritando 'Olha a loira' fiquei procurando uma mulher de cabelo amarelo e quase fui presa", diverte-se E., 23, enquanto fuma uma pedra na frente da câmera da TV Folha para provar que não se altera quando está "brisada" (sob efeito da droga).
"Vou dar um trago e vou ficar igualzinha eu estou agora, vocês vão ver", diz ela, descumprindo a promessa no minuto seguinte.
Outro grito constante é o de "cigarreiro", pessoa que vende cigarros avulsos. Quem é "cigarreiro" e procura clientes grita "eigth" –marca de cigarro paraguaio barato.
Antes de fumar a pedra, os usuários "fazem a cinza", que é encher o cachimbo com cinzas de cigarro para acomodar a pedra de crack. "Se depois de fumar, a parte que sobrou da pedra ficar branquinha, significa que a pedra é boa. Se ficar preta, é uma porcaria", afirma um deles.
Apesar da desconfiança habitual, há um clima positivo entre os usuários de crack hoje. A proposta da prefeitura agradou, e muitos dizem que sairão do vício. Porém, em relação à epidemia de crack, a única certeza possível é a de que não existem certezas.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

FOI UMA NOITE "PUNK"

Ontem a noite, durante a entrega das marmitas, foi bem “punk” , como gosta de dizer Rev. Airton , diante de uma situação extrema. Até a entrega na igreja foi tranquilo, mas quando fui para Ceilândia, ai a coisa começou a ficar punk. Enquanto entregava marmitas, há uns 30 metros de onde eu estava uma moça caiu no meio do asfalto, logo, vários moradores de rua correram e carregaram ela até a grama, um deles sentou e  colocou a cabeça dela em seu colo. Terminei de entregar naquele ponto e fui até lá com o carro, assim que estacionei vi o rapaz que estava coma moça deitada no colo, resmungando , mandando sair, que não tinha nada para eu ver ali, alguns deles reconheceram meu carro e falaram para ele: “calma rapa, é o irmão”. Eu então me aproximei e perguntei  se era droga e ele balançou a cabeça afirmativamente, perguntei como ela estava e ele resmungou algo e disse que tava de boa, eu disse a ele que estava indo para o hospital de Ceilândia e perguntei se ele não queria levá-la, ele disse que não e repetiu que estava de boa, então ele perguntou para ela, “tá de boa né neguinha, tem certeza? A moça estava deitada e apesar do olhos estarem fechados, havia uma movimentação intensa do seu globo ocular, parecia que ela tentava abri-los. Ela  mexia as mãos e o corpo nervosamente, como se estivesse tendo algum tipo de convulsão, mas conseguiu manear a cabeça, entendi aquilo como um sinal positivo e sai dali.

Saindo dali fui para o hospital de Ceilândia, procurar o Edson, morador de rua que fez o último cursilho e na semana passada foi baleado. Chegando lá, dei o nome dele e não encontraram no sistema, era como se ele não tivesse dado entrada no hospital, mas como eu tinha certeza, insisti e fui em mais dois lugares, onde a resposta foi a mesma; como eu estava com a camisa de serviço (gola clerical) um dos rapazes que me atendeu disse que eu poderia entrar e procurar pelos leitos, ele falou: “Pode entrar seu padre, procure a vontade”, foi uma grande peregrinação pelo hospital e seus leitos, muitas pessoas, estava super lotado, gente nova, velha, uns sóbrios, outros dopados, alguns dormindo, outros acordados, muita gente sozinha, triste, mas com certeza todos sofrendo não só por suas doenças, mas também pelo péssimo estado em que se encontravam, muitas macas pelos corredores, espalhadas, as vezes até pareciam jogados. Devo dizer que fui muito bem tratado, todos foram muito solícitos em me ajudar, mas depois de andar para todo lado, falar com muita gente, procurar em leitos, setores, dar o nome para ser procurado em listas e listas e sempre com a resposta negativa, lembrei que quando alguém entra baleado num hospital é obrigatório o preenchimento de um relatório pelo policial de plantão, e foi neste local que descobri que o Edson deu entrada no hospital  no dia 07 a 01 hora da manha, com uma perfuração a bala, e a mesma estava alojada em seu estomago, diante disto descobri o setor em que ele esteve e só então descobri que ele recebera  alta médica no dia anterior. Sai do hospital e fui procurá-lo na rua, não o encontrei, mas já obtive algumas informações de onde ele está, espero achá-lo em breve e trazer notícias a todos. Enquanto peregrinava presenciei um jovem que entrara baleado, várias perfurações, perna com fratura exposta e que perdera muito sangue, eu fiquei próximo dele por alguns minutos e pude ver a tristeza em seu olhar, pude também em função desta proximidade conversar com as pessoas que o atendiam, para depois tentar consolar a mãe (eu a encontrei enquanto conversava com o policial) que estava lá fora aos prantos, não sabia informações, não sabia o que acontecera, e só chorava. Quando saí a procurei e tentei relatar o que tinha visto, fiquei com pena dela. O rapaz, estava roubando e fora perseguido pela polícia, com quem trocou tiros. É triste, saber que alguns ali estão próximos do fim da vida, e mesmo diante desta situação, continuam afastados do Senhor, continuam a ser indiferentes para sua Palavra.  Que o Senhor tenha misericórdia de todos eles, e que eles possam ser alcançados nestes poucos momentos que lhe restam e àqueles que ainda tem alguma caminhada pela frente, que eles possam  encontrar a paz necessária para o que lhes resta, porque depois, pode não restar nada, a não ser o inferno.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

MISERICÓRDIA

Hoje eu me senti um tanto quanto desconfortável com uma situação, enquanto entregava as marmitas. Estava entregando comida na Ceilândia, ali atrás do Supermercado Tatico, onde chamamos de cracolândia; uma mulher se aproximou, de certa forma bem vestida, com uma bolsa a tiracolo e pediu uma marmita. Eu meio sem jeito entreguei, mas falei que as marmitas eram para os moradores de rua, ela perguntou e dai? Eu perguntei a ela se ela não tinha casa e ela respondeu que sim, que também tinha comida, dinheiro e saúde, e repetiu, e dai? Eu disse que aquele alimento era para pessoas que não tinham casa e ela disse que eles não tinham casa porque não queriam, que ela era muito abençoada mas queria uma também e saiu rindo. Eu devo confessar que num primeiro momento fiquei irritado, e nem sei prq não fui atrás dela e tomei a marmita, mas depois me acalmei e pedi perdão a Deus por minha atitude, e me propus a orar por aquela pessoa. Muitos acham que as pessoas que estão nas ruas são bandidos, drogados que não merecem perdão, pessoas que estão a margem da nossa sociedade e que devem ser tratados com desprezo. Eu já disse antes e reafirmo, eles são tudo isto e mais, mas não passam de pecadores como nós, pessoas que se afastaram de Deus e colhem os frutos desta distância, pessoas que não conseguem perceber que o vazio de suas vidas jamais será preenchido, enquanto não se reaproximarem de seu Criador. Esta é a única coisa que nos diferencia deles, redimidos pelo Senhor Jesus, nos reaproximamos de Deus e já não mais estamos mortos em nossos pecados. Isto não me faz melhor do que eles, mas apenas me faz desejar que eles alcancem esta mesma graça (imerecida) alcançada por muitos. Que Deus tenha misericórdia desta mulher, destas pessoas , e de mim mesmo, que Sua graça continue agindo em nossas vidas.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

FELIZ ANIVERSÁRIO

Ontem ao término do culto, na porta da igreja, o Miau me procurou. O nome verdadeiro dele é Antonio, ele é um catador de latinhas, morador de rua, usuário de drogas; ele disse que estava com fome, não tinha almoçado e me pediu um trocado para comer alguma coisa. Eu dei dinheiro para ele comer e ele feliz me disse que era seu aniversário, que aquele era um dia especial para ele, o dia 12 de Janeiro, conversamos um pouco e lhe desejei parabéns. hoje enquanto ia para a igreja entregar marmitas, passei num mercado, comprei um bolo confeitado, pratinhos, garfos plásticos e levei para ele. Imaginem a felicidade dele, quando ele veio pegar a marmita, disse que tinha um presente atrasado pelo seu aniversário e entreguei-lhe o bolo, parecia uma criança diante de um brinquedo. foi muito emocionante e agradeço a Deus por mais esta oportunidade, de servi-lo e de glorificar o nome DEle.

DE VOLTA...

Depois de um período sem entregar as marmitas, por conta da viagem para Recife, voltei às ruas hoje... não imaginava que iria encontrar alguns deles com tanta saudade. Alguns pularam de alegria ao me ver, saíram gritando pela rua, avisando aos outros e dando "glória a Deus", pela minha volta. Foi emocionante, ver que sentiram minha falta (ou melhor, das marmitas). Por outro lado tive uma notícia triste, o rapaz que foi para o cursilho em dezembro, o Edson, foi baleado, levou 3 tiros e está no hospital de Ceilândia, ainda não soube direito o que aconteceu mas peço a todos que orem por ele. Ele está na foto abaixo, é o de boné.